11/07/2020

Mulher


Te cato
no beco
no bar
no berço

Te embalo
no colo
no copo
no braço

Te solto
na vida
na lida
no laço

Te perco
no rio
no frio
do teu aço.

Só tão só
a  mulher.

Grito

O olhar macio
As mãos ásperas
A língua nervosa
A luz acesa
O chão sedento
Cedendo...
A pressa
Um grito
Mais outro.
E morrer de novo
E de novo
E de novo...

08/07/2020

Caminhos

Quando não vejo caminho
tiro a máscara,
desembaço as lentes,
vasculho o passado
para ver onde me perdi.

Foi numa dobra do pensar,
num esgar do sentimento,
entre as roupas na máquina,
ou na poeira dos quadros.

No fundo da gaveta
de guardar lembranças;
quem sabe, ainda,
na cama desfeita.

Olhar assim de revés
será de pouca ajuda
se andar para trás
aumenta a lonjura.

Ainda posso lavar pratos,
descobrir como chegar
onde me leva o nariz.
Tanto faz se não me fiz.