29/08/2016

O silêncio

Por baixo da porta
um bebê chorão,
chinelo arrastando,
chocalho de chaves.
Da fresta da janela
um vizinho tosse,
motor roncando,
avião bem longe.
Bem aqui,
o rom-rom
da geladeira,
o pingo da torneira,
um celular com tremedeira.
E ainda dizem que vivo só.

17/08/2016

às vezes


Às vezes quero
ser de novo criança
ter uma luz acesa
o café na mesa
a mão na cabeça.
Às vezes quero
uma flor de rua
a voz que insinua
uma sombra nua.
Às vezes quero
uma rima esdrúxula
clara, sem mácula,
para rimar alegria.