29/07/2013

Tocar



Você quer que toque
só para você
tocar, sentir vibrar
suas cordas vocais
alcançando o céu.
Da boca
tirar notas de coral
pérolas falsas
feridas d’areia.
De sal
tocar, sentir arder
seus dentes no dorso
emprestado, de aluguel.
Da boca
sangrar tinta de jornal.

03/07/2013

perto, longe

Eu te quero bem perto,
mas longe o tanto preciso
para me fazer falta.

António J. de Oliveira (resposta aos versos de Beth nesta desgarrada deliciosa):

o breve esboçar de um sorriso
que de tão longe vem, não sei ao certo
mas sinto-o tão perto como o mar de alguém
apenas gaivota rondando a bruma fresca em maré-alta…

como verso escrito em espuma branca
rasgo infinito que não pertence a ninguém…

Parceria transatlântica

pagamos a unha do touro
pagamos e não recebemos nada
ah!... vida quadrada
que não te dás de jeito
nem achada
vá o sol nascer lá longe.(versos de António J. de Oliveira)

E tento continuar...

com a unha te aparo arestas
e te faço redonda
ou macia
enquanto está escuro,
não vá a luz mostrar meu feito
a quem te prestas. (BF)


abre-se por inteiro
ao ganhão,
à junta dos bois
que vêem e vão
carregando consigo
o arado em riste
rasgando o ventre
onde o lavrador porá a semente
e dela nascerá o pão (AJO)
 

e arde no ventre da terra
semente pra germinar
esperança, alimento
pra quando a chuva chegar
arde no ventre da terra
um carinho, uma emoção
uma florada na serra
que não chegou a brotar (BF)
(julho/2013)