08/06/2013

Repente ultramarino

Ainda em dia claro
Fui atrás da lua
Rompi pela noite
Para a apanhar
Ela fugiu de mim
Não quis receber
O tanto amor
Que tinha
Para lhe dar
Riu de mim
Porque sabia
Que não a conseguia
Alcançar
Rodopiou sobre mim
Escondeu-se, voltou
Dançou
Provocou o quanto quis
E eu, por fim, dela desisti
Exausto, compreendi
O quão bela é ela
Mas o seu amor
Não é para mim…

Fugi pela madrugada
para brincar contigo
esperava teu olhar
naquela água parada
onde não viste, amigo
estava eu a brilhar

E foi na noite escondida
Que o meu pensamento
Desmoronou
Chamei pelo teu nome
Lua!... Lua... meu amor!
Mas o meu olhar
Não te encontrou...

Não sabe então o poeta
que a lua, formosa mulher
aguarda sempre inquieta
que a pegue quem a quer?

E não sabe a Lua
Essa mulher formosa
Que só se paga
A quem não se ama
E que a minha entrega
Vai muito para lá
Do que uma simples cama?

Paga os pecados aquele
que nos versos padece,
da lua-mulher a alma
pura não conhece
e não deixe que rele
a mão que lhe oferece

E de pecados mortais
Está cheio o homem
Que não se conhece
Para perpetuar
Um idílico amor
que não se lhe oferece


Nota: Este poema é resultado de uma brincadeira criativa, numa madrugada qualquer, com o jovem poeta português António J. de Oliveira, via um grupo de arte criado no Facebook, em 2012.

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