Caleidoscópio

sempre juntando os cacos pra fazer um novo brinquedo que gira, gira, gira...

18/08/2023

Retrato

O retrato antigo na parede

ignora meu olhar saudoso.

Absorto em tarefas d’alma,

na ardência do corpo,

na angústia dos sonhos,

na premente juventude,

adivinha que estará aqui,

talvez, quem sabe.

Não tem rugas, nem certezas,

é vontade e virtude.

 O retrato antigo na parede

faz lembrar que sou bonita.

Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 10:46 AM Nenhum comentário:
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28/02/2022

Estica e puxa



Estica daqui
puxa e daí
corta um tiquinho
atulha cada vinco
alisa
alisa
alisa
apela
pega o ferro
passa pelo avesso
emoldura.
Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 10:08 PM Nenhum comentário:
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Porque é março

 

ela transpira

ela engole o choro

ela lava o cabelo

ela encera a casa

ela cozinha o angu

ela abre as pernas

ela se encerra

ela continua a chorar

ela morre de pavor

porque é março
 
Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 10:06 PM Nenhum comentário:
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16/01/2022

Nudez

da primeira vez que me vi
um tufo de pelos
ralos e claros
cobria o espanto
que os dedos descobriam

da primeira vez que me vi
duas bolotas rosadas
cresciam estrábicas
e se entumesciam
ao toque da água morna

da primeira que me vi
três gritos em surdina
escaparam assustados
encobrindo o marulho
do mergulho na banheira

Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 12:30 PM Um comentário:
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Chuvinha


A chuvinha na calçada
canta um canto de paz
e solidão.
Por que tão egoísta
chuva,
que me esquece
no portão?
Quero sua friagem
derretendo
a tristeza
na minha mão. (2017)


Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 12:28 PM Nenhum comentário:
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10/10/2021

Tempo tempo

Até quando
a língua solta
as pernas céleres
a força no braço
a empunhar bandeiras

Até quando
a vela acesa
os tantos afazeres
os ganhos a laço
o erguer trincheiras

Até quando
a língua
as pernas
a força
até quando.

Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 12:03 PM Nenhum comentário:
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Avesso

Se sigo do avesso
será que alcanço
a tempo o passo?
Será que ultrapasso
o que não conheço?
A que preço
se dará o começo?
Espero, confesso
Um novo regresso

Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 12:01 PM Nenhum comentário:
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22/08/2021

À luz

Por trás dos olhos

por baixo do pano

um útero velado

dará à luz

(sempre dará)

um brado sagrado.
Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 10:37 PM Nenhum comentário:
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14/07/2021

Uma rua

Uma rua curtinha
de nome que lembra flor.
 
Ali se cultivavam
pencas de filhos
vizinhos de quintal
namoros de muro
bandeirinhas na fria
noite de São João. 
 
Na festa junina
tudo se misturava
carros de fora
barracas dentro
comida para todos
quentão para animar.
 
Tinha até quadrilha
daquelas pra dançar
arrodear a moça
queria se casar
segurava a barriga
pro pai não espiar.
 
Uma rua curtinha
de nome que lembra flor.

 

Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 10:42 PM Nenhum comentário:
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09/06/2021

Cilada

Não era amor
o que me trazia
entre margaridas
presas em um buquê


Não era amor
o que me servia
no pequeno copo
na mesa vazia


Não era amor
o que me fazia
quando se deitava
na minha pele fria


Era sim amor
o que me movia
quando, desacato,
me dei alforria. (bf)

Postado por Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama! às 7:16 PM Nenhum comentário:
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Beth, Betinha, Betita ... não sou eu quem me chama!
Hoje guardo cacos de muitos tamanhos, cores, formas. Uns são brilhantes, vermelhos, amarelos; outros soturnos; há verdes, os azuis... Alguns sem cor, outros transparentes. Todos soltos num caleidoscópio gigante que gira e gira estrelas, labirintos, formas sem sentido. (23/06/08)
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